quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Grades



E como pode ser assim?
Percebi o quanto estive errada todo esse tempo em evitar entender o bipolarismo de algumas pessoas. Hoje, somente hoje notei que isso não é doença, isso é meio que instintivo.
A caminho do meu rotineiro destino pós-expediente vim pensando em como as nossas atitudes mudam, e o quanto o outro lado do muro pode ser um inferno ou um paraíso para nós. Essa dualidade é dada por nossa insegurança, e muitas vezes por nossa falta de vontade de pensar antes de agir, e por fim é claro que nos arrependemos –ou não- desse tipo de exclusão que nós mesmos nos submetemos.
O que me levou pensar nisso foi o humor do homem em determinadas situações. Vejam bem, nos cercamos de grades pra nos sentirmos mais seguros, instalamo-as em janelas, portões, jardins, parques, condomínios, etc. Vivemos em uma gaiola, mas por opção. O objetivo é excluir os marginais ou se excluir da sociedade que lutamos, gastamos e nos desgastamos diariamente para nos inserir? Afinal isso nos trará a paz que nós procuramos?
Agora, em outra situação nós não colocamos as grades, mas nos colocamos atrás delas, somos agora aquele de quem nos protegemos com as grades nas janelas do quarto das crianças, nos tornamos o excluso à sociedade e de uma hora pra outra somos também que age erroneamente perante às leis sociais, e diferente da paz que sentíamos antes, agora o único sentimento que nos habita é a fúria, pura e simplesmente. Mas, pera ai... estamos sentindo fúria por sermos “punidos” por aquilo que sempre ditamos como errado, e inclusive nos protegíamos disso.
Pois é, me perguntei a que ponto chega essa dualidade humana, e agora dissertando sobre isso vejo outra situação que o Brasil todo presenciou no mês turbulento de junho de 2013, vi pessoas que pagaram muito caro para entrar em suas baladas mais tops, e com esse dinheiro passaram a catraca da tal boate, e durante a semana essa pessoa quebrava as catracas de meios de transporte lutando por igualdade que no fim de semana anterior pagou para ser exclusivo a uma PVT. Há algo de errado nesses ideias? Estamos confusos ou não sabemos como lidar com esse sistema que engolimos? Sabemos desse sistema? Quantos realmente sabiam e lutavam por um ideal com posicionamento político? Quantos sabem política?
Não estou me excluindo dessa breve analise, pelo contrário, estou totalmente dentro dessa confusão e dessa dura dualidade, estou apenas buscando esclarecer alguns pensamentos meus por aqui, pra quem sabe um dia quando eu estiver completamente resolvida possa reler esse texto e tirar conclusões que com certeza escreverei de novo. A parte isso gostaria de criar e deixar no ar uma reflexão quanto a nossa bipolaridade. 
Você já pensou nisso?
- Eu estou pensando...

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O Sonho


                     Era um domingo dessas loucas estações, que nunca se definem, mais um desses onde não se quer fazer nada além de ficar horas na frente de uma tela vegetando ao som do ruído global.
            Encontrava-me só num dos cômodos da velha casa, cheia de velhos móveis desbotados e corroídos pelos vermes do tempo onde eu (in)felizmente morava.
            Enquanto minha família se refugiava em um desses retiros protestantes, resolvi não ir e permanecer sozinho buscando um ‘eu’ na teletela.
            Uma grande alegria me dominava, talvez seja porque estava trabalhando mais do que podia, meu corpo estava cansado, fato, porém minha mente dizia para não parar, em momento algum – isso era apenas a repetição da frase favorita do meu chefe, que eu acatava-. Algo me angustiava naquilo tudo, não sabia o que pensar sobre esse meu estado caótico, sentia-me velho com apenas duas décadas e pouco de vida.
            Decidi descansar naquele domingo parado. Busquei esquecer-me do tal do emprego que eu preciso e estiquei minhas pernas na mesinha descascada de centro, busquei algo em que concentrar, não achei nada mais interessante que aquele programa repetitivo com belas dançarinas de domingo atarde. Bem ali, naquela bagunça colorida encontrei um objetivo, talvez da vida rica e glamorosa de pessoas que sempre quis ser. Eles sempre quiseram meu melhor e, me dizer o que era bom ou não, sempre foram meus conselheiros, meus guias. Eram diretos, e não nunca enrolavam para dizer o que comprar, o que comer e o que vestir. Compreendia tudo sem muito esforço intelectual, o que é muito simples e confortável para mim, jovem do século XXI.
            Sempre pensei em como eles sofrem, e como deve ser difícil lidar com a fama, e as dezenas de paparazzi que os persegue durante o dia, e de como deve ser complicado lidar com seus chefes, quando simplesmente os libera para passar a tarde no Leblon, Ipanema ou na linda Lagoa Rodrigo de Freitas, quando o que edifica o homem é trabalhar, e não descansar. Tudo contra vontade, é claro.
            Paralisado em frente a tela, capotei.
            Viajei, e viajei muito longe. Era muito real, e vivia em outra dimensão, vivenciava naquele momento um pesadelo, instantes de angústia e terror. Coisas que jamais pensei que existissem estavam acontecendo, coisas totalmente fora do comum, e nunca vistas antes na nossa sociedade tão evoluída e querida por status e bens materiais.
            Eu voava naquele terror instalado na Terra, de longe avistei um horizonte de campos coloridos pelas flores da primavera e animais correndo e brincando junto com humanos que riam sem parar. Eles viviam em um estado social totalmente crítico, não podiam/precisavam trabalhar, simplesmente viviam a mercê da natureza, colhendo da terra e produzindo somente o suficiente para sua existência tão sutil e leve.
            Diziam-se evoluídos, mas como poderiam ser se nem ao menos tinham carros, casas enormes ou status? Nada compreendia daquilo, era tudo uma grande confusão, a paz e a tranquilidade deles era caótico para mim, totalmente diferente da realidade perfeita que sempre disseram que eu tinha.
            Em outro canto daquele grande campo gramado, vi crianças brincando de jogar para o alto as flores cheirosas que caíam das grandes  árvores, o perfume delas se espalhava pelo ar, onde eu estava flutuando. Com uma leve brisa fui levado à força até lá e meu corpo dançava e obedecia aquela ensurdecedora canção de violino. Nunca quis tanto estar em outro lugar.
            Fui jogado ao fundo daquele turbilhão de diversas flores, que descia cada vez mais, parecendo uma aeronave, prestes a se esborrachar. Avistei a Terra e logo reconheci o lugar por onde ia cair. A voz do programa da teletela me chamava de volta para a realidade, me tirando daquele sufoco e trazendo-me de volta para a velha casa cheia de fumaça de carros e cigarros, juntamente com o barulho de buzinas loucas, batidões e berros de um casal brigando na casa ao lado.
            Alívio.
            Abri meus olhos e quando olhei ao redor vi vestígios de um pesadelo do qual jamais quero presenciar, e nunca desejaria a ninguém, afinal, meus ídolos da televisão nunca ditaram nada a ver com aquilo, portanto aquilo não poderia existir e nem ser possível.
            Limpei as flores coloridas e cheirosas do chão da minha velha e escura casa, antes que alguém visse aquilo e resolvesse me excluir da linda sociedade da qual vivo e sou (in)feliz.
            E assim, levantei-me da minha zona de conforto em pleno domingo e voltei a trabalhar em busca do meu caráter e do meu sonho.


 (Texto adaptado do original "O SONHO" da autora Neide Rocha Portugal, do livro "Memórias, contos, crônicas e haicais", pág. 59, para um tom ironico, criticando os tempos modernos. Texto por Mariana Justino). 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Carta para você



Descobri d’onde vem a vida

A vida vem daquela centelha mínima escondida em algum milímetro do nosso músculo cardíaco, e do nosso cérebro. Chamo-a de AMOR.
Pois é, ela vem devagar, escondida, quase imperceptível, porém quando nota-se a presença da mesma ela move tudo e todos para lugares diferentes (não menos importantes, mas diferentes...). Esse tal de AMOR pode transformar tudo, e também mudar seu jeito de ver as coisas e a sua sensibilidade perante as diversas situações rotineiras.
Ah o AMOR... nos faz suspirar, nos fazer flutuar, mas também nos faz sentir mais a pele, o calor e o suor quando há correspondência. Este também nos faz falar coisas diferentes e ouvir músicas mais lentas. Nos faz parar para pensar em algo e não conseguir tirar o pensamento do seu parceiro.
Mas, agora cansei de falar do AMOR genérico, e que todos hei de sentir algum dia de suas vidas. Vou agora falar – ou tentar falar - do que se passa aqui dentro, nesse mesmo músculo cardíaco e nesse cérebro que em mim habitam.
Esse AMOR que aqui reside tem transformado cada minuto em uma longa espera pelos seus braços, mas também cada segundo em plena felicidade. Há uma linda imagem sua em minha mente, que me faz recordar a cada instante todos os momentos que passamos juntos, e como estamos escrevendo a nossa história.
O tempo é relativo, e disso sabemos; Ele passa rápido para alguns, e devagar para outros, mas sinto que para nós ele passa no tempo certo, tudo acontece perfeitamente encaixado e em sincronia. Nos unimos não só por uma aliança ou um relacionamento, mas nos unimos perante aos cosmos para juntar almas semelhantes e amantes.
Hoje, posso dizer com toda a certeza que eu te amo, e te quero por perto. Meu sonho só é possível hoje, porque você é ele, e faz parte dele. Quero envelhecer ao seu lado, porque é onde meu porto seguro está montado, e onde eu sei que posso confiar e passar o resto dos meus dias sendo feliz e te fazendo feliz. Sinto que nos completamos e acrescentamos amor e vida a cada dia que passa. Somos completos, mas juntos somos e podemos ser mais do que qualquer um espera, simplesmente porque há um fio sútil que nos une e não vai nos separar, daqui para a eternidade.
Eu te amo meu Amor, e sou muito feliz por ser sua namorada e te ter como namorado.
Nascemos para sorrir juntos.

JustinoGinadaio
27/07/2013