sexta-feira, 7 de junho de 2013

Amores de estação



E não me engana mais, nem meus próprios pensamentos e sentimentos.
Decidi.
Não há nada mais bonito que os raios iluminados e dourados do sol nos teus cabelos compridos e caídos sobre os ombros que sonho em um dia me acolher. Sua barba rala e por fazer, com inúmeras falhas guardam desejos secretos de um beijo longo e carinhoso. Seu perfume ainda deixa uma amostra dentro de mim, de um modo que posso senti-lo cada vez que me lembro.
Não te conheço.
O contato que tivemos foi inteiramente visual e rápido, aqueles três segundos da nossa troca de olhares foram capazes de me abalar assim por dias.
A lembrança é a única coisa que me resta. Esses amores de estações sempre machucam muito, sempre nos frustram, ainda mais em uma cidade onde somos tão indiferentes uns com os outros. Onde se veem centenas de pessoas por dia, mas poucas são notadas.
Mas, no fundo sei que me notou como te notei. Olhava para mim no momento que olhei para ti. O mundo parou, e parecia que não precisaríamos de palavras para nos comunicar.
Era um medo de te perder a cada vez que soava o sinal de uma nova plataforma, sofremos juntos e separados durante as quatro estações que durou nossa prece.
E insistentemente o sinal toca de novo, e dessa vez tenho que partir, é a minha hora de sair desse trem.
A porta fecha e nos separa.
Nos olhamos novamente com um vidro entre nós, e é nesse momento que vejo o quão tola fui de não ter pedido seu número de contato em um papel de rascunho jogado na bolsa, pra hoje eu escrever uma história totalmente diferente.
Moço, não me esqueci do seu sorriso.

À todos os apaixonados de estação.
Spotted - Metrô - São Paulo

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